Sonhei que eu abria o Instagram numa tarde qualquer e os likes haviam sumido.
No meu devaneio a vaidade do mundo havia terminado. Afinal, sem saber números de curtidas nas fotos, as pessoas pararam de se comparar umas com as outras.
Já não interessava mais se o artista que eu gosto tinha números menores do que outro. Só importava o que ele deixava pro mundo através da sua arte.
Já não aumentava a minha ansiedade ficar tentando ver qual pessoa da minha cidade tinha a foto mais curtida do momento. Só melhorava a minha experiência simplesmente ver o que as pessoas queriam de fato expressar.
Eu mesmo, resolvi compartilhar mais coisas que eu achava que deveria mostrar ao mundo, mas que inúmeras vezes deixei de postar por receio que poucas curtidas fossem desmerecer completamente aqueles momentos que no meu coração eram importantes.
Sonhei que eu abria o Instagram numa tarde qualquer e os likes haviam sumido.
E, como num passe de mágica, parece que os egos inflados se transformaram em mais empatia. Afinal, ao ver um post sem saber se era @FulanoDeTal e mais 700 pessoas que haviam gostado dele ou se era @CiclanoQualquer e mais apenas 3 pessoas, eu parei de ficar julgando a pessoa pelos números e comecei a avaliar o conteúdo.
E que surpresa a minha em descobrir que longe da aflição dos números e as falsas definições das pessoas que eles nos trazem, existem seres humanos iguaizinhos a mim por trás de cada post.
Pessoas normais e que também anseiam por amizades, boas relações e por se expressar através das redes sociais. Se mostrar ao mundo e conhecer os outros, mas assim, sem egoísmo, egocentrismo, vaidade ou arrogância. Pessoas que andavam perdidas, assim como eu, atrás de números que traziam uma depressão maluca sempre na busca de mais. Cada foto pouco curtida, um desespero. Cada foto bem curtida, uma alegria minúscula, pois no fim a gente sempre se via buscando mais e mais.
Números, números, números.
Mas a gente é feito de carne e osso, coração e sentimentos.
Sonhei que eu abria o Instagram numa tarde qualquer e os likes haviam sumido.
E quando me dei por conta, hoje não estou mais sonhando.
Menos números, mais amor.
Parece que finalmente as redes sociais começam a cumprir o seu papel nas nossas vidas: trazer alegria, não depressão.
Paulinho Rahs
19 de dezembro de 2019 at 19:29
Belo texto Paulinho! Sempre apoio essas mudanças para “reduzir” a doença que as mídias sociais vêm proporcionando aos usuários, infelizmente isto está longe de acabar, mas ja é um passo adiante 🙂
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