Eu já fiz coisas que condeno, tive atitudes que desprezo quando vejo em alguém, fui o chato da festa, o amigo ruim, o namorado tóxico, o filho ingrato.
Sim, eu fui tudo isso. E dói muito admitir.
Dói, mas admito. Demorou, mas hoje eu reconheço.

Acho que passei muito tempo em negação, vivendo em um mundinho colorido de faz de conta, ignorando meus erros e as partes mais sombrias de mim como quem passa todos os dias pelo mesmo mendigo na rua das grandes cidades e prefere fazer que não o vê.

Admitir me parece ser o início do processo de cura e melhora, embora a admissão da culpa por si só não remedie nada. É preciso pedir perdão com honestidade, abaixar a cabeça, ouvir e, principalmente, mudar. Mudar as atitudes, as formas de pensar e tomar muito cuidado pra não ignorar os sinais vermelhos da própria personalidade.

Hoje eu venho aqui, a publico, pedir perdão a cada pessoa que machuquei. E não esperando que me perdoem. Vou entender se julgarem meus erros como imperdoáveis. Faço isso por ser o mínimo do mínimo que um candidato a ex-cretino possa fazer.
Acredito que na minha essência eu não seja essa pessoa que cometeu atrocidades sentimentais, contudo fazer o que se sufoquei a minha essência por trás de uma casca arrogante, orgulhosa e com mania de grandeza durante muito tempo.

Peço perdão.
Me perdoem conhecidos, amigos, familiares, amores e desconhecidos que tiveram o desprazer de me encontrar na minha pior versão.
E acima de tudo peço perdão a mim. O menino que um dia eu fui e se perdeu no meio do caminho em ilusões e bobagens, em máscaras e roupas que me faziam parecer maior, mas na verdade só me faziam patético.
O menino que fui, puro e sonhador, talvez olharia o adulto que me tornei e diria:
– Esse tio aí não é legal. Quando eu crescer, não quero ser como ele.
E ele estaria certo.

Essa carta é de arrependimento, de admissão de culpa, de desabafo e de vergonha.
Mas, acima de tudo, é uma carta de fim de estado de negação. Eu admito e reconheço tudo o que fui e, infelizmente, talvez ainda sou.

Que a partir daqui eu possa então construir uma jornada diferente. Infelizmente não posso mudar o meu passado, porém sei que o meu futuro ainda está nas minhas mãos.

Paulinho Rahs

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