Por mais coisas que eu faça em um dia, eu simplesmente não consigo evitar o sentimento terrível de insuficiência que me abraça quando chega a noite. Parece que eu estou sempre fazendo menos do que eu poderia, menos do que eu deveria – mesmo fazendo tudo que posso.
A sensação de estar esgotado tem sido comum na minha vida. Eu corro, corro e me vejo no mesmo lugar. É como se eu existisse em cima de uma esteira. Por mais que eu aumente a velocidade e me esforce, não consigo sair do lugar.
Eu quero conseguir aproveitar a jornada, desfrutar da vista, me apaixonar pelo processo. Na teoria eu sei que é o certo. Mas na prática eu só consigo ficar mais ansioso imaginando se o futuro me reserva uma vitória ou uma enorme decepção. Minha vida se resume nessa indecisão.
Ninguém parece me entender. Eu dou um sorriso amarelo e faço de conta que também entendo isso. Só que na realidade me sinto muito solitário. Me sinto uma ilha no meio de um mar de gente que só pensa no seu próprio umbigo. Já perdi a esperança de ser compreendido.
Eu deixo o tempo ir passando enquanto perco mais uma madrugada de sono sendo engolido pelos meus pensamentos. Às vezes também perco as manhãs sem conseguir fazer nada que não seja pensar na vida. Quando perco as tardes, é ansioso pelo que vem lá na frente. Minha vida tem se resumido numa onda gigantesca de tempo perdido.
Paulinho Rahs
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