Cada vez mais a gente tem falado sobre como o tempo está passando. Foi ontem no bar, eu e minha namorada. Foi semana passada na casa do Chico, quando a galera da turma da escola se encontrou. Foi no Natal com a minha família, vendo as crianças que cresceram ainda mais desde o ano passado. O maluco disso tudo é que até bem pouco tempo atrás, tenho a impressão de que a gente não falava tanto assim sobre o tempo. Ou pelo menos se falavam, era eu quem não dava bola. Pois agora cada vez que levantam o tópico “tempo” nas conversas, algo me puxa pra dentro do assunto. Sinto que as coisas se remexem dentro de mim, fica inevitável pensar que a minha concepção de vida já não é a mesma coisa que era aos dezesseis. Engraçado. Na minha cabeça foi bem quando o tempo parou.

– Quantos anos tu tem? – alguém perguntava.

– Dezesseis – e até ali parecia natural responder. Depois dessa marca, a cada ano que passa e preciso colocar um número na contagem, toda vez que respondo a tal pergunta me surpreendo com minha própria voz. É como se alguém estivesse respondendo por mim. Dezessete. Dezoito. Dezenove. Vinte… Eu ainda não acredito que esse já sou eu e não meus primos mais velhos, os irmãos dos meus amigos, os jogadores novos do meu time do coração.

Me arrepia o couro quando falam que dos dezoito em diante só vai. Que quando eu me der por conta já serão três décadas de idade. Realmente voou desde que completei a maioridade. Mas então essa é a vida adulta mesmo? Responsa, correria, velocidade? Não nego que ando meio assustado com tudo isso. Pois a adolescência era um período de instabilidade e novidade, porém as maiores tempestades eram internas. Descobrir quem se é, o que se quer, o que vai ser… E o tempo parado. Entrava ano, saía ano e a gente continuava adolescente. Hoje essas perguntas já tem resposta, o que não tem é ver que eu já saio de casa mais que meus pais, eles já reclamam de dores e do peso da idade. Meus avós então, cada vez que os vejo estão mais velhinhos. Muito mais! Não tem resposta também pensar que eu já tenho opinião sobre tudo que acontece ao meu redor e na maioria das vezes não concordo. Me tira do eixo pensar que sequer sei se o que faço é correto mesmo e já tem gente de pouco mais que minha idade dando os rumos para o mundo.

Mas é isso, então. Bem-vindo à vida real! Não seremos jovens para sempre, esse é mesmo o ciclo da vida. E o tempo? Bem, ele não está passando mais rápido. É só impressão. O tempo é sempre o mesmo. São as ocupações, tarefas, estresses e prazos que criam essa ilusão. Vai ser isso dai pra sempre, cada vez com mais intensidade e é bom ir se acostumando.

Pelo menos se dar por conta que o tempo está passando rápido demais na faixa dos vinte nos dá o senso de aproveitar cada segundo como único. Porque quando passar, meu amigo, não tem choro nem vela. O tempo é implacável, a juventude tem prazo de validade e a vida acaba.

Porém antes de entrar nos medos e paranóias que essa colocação pode trazer, é bom lembrar que a vida é tão linda quanto a sua perspectiva dela. E isso não interessa com qual idade.

 

Paulinho Rahs

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