Você dorme ao meu lado enquanto eu dirijo voltando pra casa.
Te vejo sonhando e eu sonho acordado. Afinal, às vezes fica difícil conseguir entender se é realidade ou fantasia tudo que a vida me trouxe através de você.
É que eu não queria me envolver. Da sua parte também sei que a parada era bem parecida. Finais recentes de histórias longas sempre nos fazem prometer que dali pra frente vamos mudar: curtir a vida, aproveitar, sair mais, beber mais ainda. Conhecer gente nova, viajar, desfrutar da juventude que sabemos que não volta. Tirar o tempo perdido, voltar a fazer o que fazíamos antes e já não conseguíamos mais, se reconectar com a nossa essência.
Mas aí tu aparece e me mostra que tudo isso fica melhor ainda ao lado de alguém que realmente nos entenda. Conexão real é coisa das mais raras da vida. E tem que estar muito desconectado de tudo pra perceber isso e tentar ignorar.
Eu não tentei nem mesmo por um segundo.
Abracei sem medo a sua entrada no meu mundo.
Você me ensinou uma forma diferente de amar.
E como diz o escritor Lucas Prado:
quando amar ė recíproco, aí é amor.
Mas nesse caso leve. Honesto. Sincero. Sem possessão.
Engraçado, assumindo os defeitos: isso sim é perfeição.
Amizade e cumplicidade.
Sem medo de enfiar o dedo na garganta e falar a verdade.
As boas e as ruins ainda mais.
É que quando a gente precisa disfarçar ou ocultar uma parte de quem somos pra sermos aceitos, já é sinal pra ligar o alerta.
Eu vou pensando tudo isso no carro, a manhã surgindo enquanto a minha alma desperta.
Com você eu pude ser eu.
Cem por cento do tempo e desde o primeiro segundo.
Te contei tudo sobre a minha pior versão.
Naturalmente contigo acabei sendo a minha melhor.
E tudo isso foi exatamente igual da sua parte.
A gente se conhece com o olhar.
O pior que já fomos e o melhor que podemos ser.
Ainda bem que aquele nosso amigo escritor profetizou.
Reciprocidade.
Só é amor mesmo, quando ela existe.
E eu tô amando você.
Paulinho Rahs
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