Ela ainda não sabe o crime que cometeu, mas está encarcerada. A cela é fria e úmida. A comida é escassa e as visitas, cada vez mais raras. Seu grito ecoa num ambiente que não acolhe dores. Ela gasta o tempo que tem a pensar em tudo que a fez chegar até ali e planeja, minuciosamente, os próximos passos dentro daquele pequeno tártaro. Todos os dias a rotina se repete. Ela alimenta a história, cuida de cada detalhe para nenhum deles ser esquecido. Insano dizer, mas ela parece saborear cada dor, cada mágoa e todas as palavras frias, proferidas numa manhã de domingo, entre um gole de café e um baque de porta. Continuar lendo “O rancor aprisiona”