Às vezes é preciso dar um tempo
pra gente voltar a sentir.
Pra gente se reencontar,
dar um tempo não é fugir.
Bem pelo contrário, eu diria.
É necessário, pois eu já não sorria.
Não via mais graça em você,
não via mais graça em mim,
não via mais cor na vida
e você sabe que eu não sou assim.
Eu peço apenas que respeite
esse impulso, essa urgência.
Eu preciso de um espaço
pra reencontrar a minha essência.
Peço calma e paciência,
peço que você me entenda.
Pois se você conseguir perceber
isso tudo é pra apenas
eu voltar a me entender.
E embora pareça egoísmo:
tudo isso ser me colocando na frente.
Mudemos a persepectiva,
veja com outra lente.
Nunca que vou conseguir
ser boa companhia
enquanto me olhar no espelho
e ver essa mesma melancolia.
Meu olhar anda meio vazio,
dentro da alma eu sinto frio.
Confuso, cansado, perdido.
Eu sou apenas uma sombra
de alguém que já foi divertido.
É que às vezes é preciso dar um tempo.
Do trabalho, da rotina, da vida.
Dar um tempo dos mesmos círculos,
que já não nos deixam saída.
É que fazendo as mesmas coisas
se chega aos mesmos resultados
e embora eu faça muito
sinto que estou parado.
Como se eu estivesse vivendo sobre uma esteira,
caminho e não saio do lugar,
vivo tapando o sol com a peneira.
Corro e parece não adiantar,
por isso resolvi parar:
foi essa a minha maneira.
Por que às vezes é preciso dar um tempo
pra gente voltar a viver.
Pra gente voltar a enxergar,
pra gente parar de sofrer.
Dar um tempo,
tomar distância,
dar um passo para trás,
pra reavaliar a importância
que estamos dando pra coisas
que talvez não importem tanto assim.
E voltar a valorizar
o que realmente importa no fim.
Às vezes é preciso dar um tempo.
E se você sentir essa necessidade
não a ignore, não a sufoque,
vá encontrar a sua verdade.
Não tem nada de errado,
não é feio e você não é obrigado
a viver a vida inteira
como se a sua existência
em vez de benção
fosse um contratempo.
E tudo por que você sabe e não quer ver:
às vezes é preciso dar um tempo.
Paulinho Rahs
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