E se eu tô feliz? Não, feliz eu não tô.
Mas quer saber? Tanto faz.
Ninguém nem me perguntou.

Ninguém tá interessado
se eu tô bem, se eu tô mal.
Mas isso não é exclusividade minha,
também não sou tão especial.

A real é que pra todo mundo é igual.
Tá cada um se importando
somente com o próprio nariz
e ninguém vai te perguntar
por que você tá tão infeliz.

Mas eu sei que você tá.
Que esse sorriso amarelo
que maquiado, parece belo,
guarda desespero e confusão.

Eu sei que você pensava
que chegaria nessa idade
muito mais realizado.
Que acorda todo dia de manhã
faz o que lhe é mandado,
mas isso não representa – nem de perto!
o seu futuro sonhado.

Nunca o mundo conectou tão fácil,
mas nunca faltou tanta conexão.
É a era da vaidade,
da autopromoção.
Se meu engajamento é baixo,
esse é o fim da picada.
Mas ter muitos seguidores
me deixa cheio
de nada.

Dopamina é a droga
e a rede social meu traficante.
Eu pago esse prazer com meu tempo
e do produto uso bastante.

Tô viciado!
O que foi que eu fiz?
Agora é tarde.
Ficou só uma cicatriz.
Horas online,
me satisfiz.
Mas sem meu celular
tô infeliz.

Paulinho Rahs